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Choveu o dia inteiro, agora restava a noite e sem chuva, com as ruas molhadas e as pessoas intocadas dentro de casa na melancólica noite de domingo em suas mentes macacos gritam -lembre-se amanhã tem mais, descanse no seu dia de folga para trabalhar melhor amanhã e nada de beber enquanto bate os pratos de bateria, igual se vê nos desenhos.
Caminho pela minha rua, vejo dois caras, parecem bêbados, o de cinza na esquerda chutou levantando sua perna e acertando o cara do seu lado, sem contexto nenhum chutou ele, parecia cena de comedia de um filme em preto e branco, o outro homem o empurra
 — Me ensina direito porra — falando alto para todos na rua ouvirem.
 — É assim e só vou te ensinar uma vez, direita fica desse lado aqui (apontando para direita) e a esquerda fica no mesmo lado do coração, entendeu?. 
Subo a rua, vejo uma igreja de frente da outra, as duas com quase o mesmo número de pessoas, necessitam cada vez mais de bares e igrejas e cresce em número extremos, ou se transforma como a igreja perto da minha casa que se transformou em bar, quando olhei o local cheio de bêbados acreditei no milagre que a água virou vinho, era real. Continuei andando rua a cima, olhei para cima amarrado de uma arvore para o poste:
“CAFÉ GRÁTIS PARA CLIENTES
BAR DOS MACHOS”.
Tinha alguns trocados no bolso, entrei apenas pelo café grátis e o mais engraçado desse bar que quando entrei a dona era uma mulher, sentei de frente pro balcão, pedi uma cerveja, ela logo trouxe, virei de costas comecei a observar aquele ambiente, tinha apenas cinco caras dentro do bar, os bêbados cada dia mais se tornam preguiçosos ou como todo cristão devoto domingo é dia de igreja, deve ser esse o motivo de tantas igrejas e bares, sai da igreja para o bar, um do lado do outro, mais cômodo que isso apenas uma IGREJA BAR, vinho jesus cristo a 5 reais, metade dos lucros para instituições de caridade, o futuro será esse. Sequei a garrafa e pedi o café grátis, esse era o intuito de se estar aqui dentro, a dona-garçonete-caixa seja o mais o que ela for, trouxe, tinha um gosto de água escura, era quase pior que meus cafés, olha que meus cafés sempre foram realmente ruins, colocava açúcar demais ou café demais, sempre demais ou de menos, jamais sem meio termo. Um homem velho, vestindo roupas surradas, com uma barba entre fios brancos e pretos, de touca, sentou perto do meu lugar e pediu uma dose de vodka, por alguns segundos me passou na imaginação que poderia ser meu pai em mais uma noite bebendo, não sei se tenho legitimidade para falar isso, mas meu pai nunca soube beber, sempre chegou em casa quebrando tudo, se chegasse em casa, uma das minhas qualidades sempre foi conseguir voltar para casa não importando o estado, certa vez chegou meu tio, meu pai e outro cara desconhecido na minha casa de madrugada, meu pai bateu no carro desse cara e ligou para o meu tio, era pequeno, ainda tenho na mente, eu sentado na escada olhando toda aquela situação e quando bebia colocava música de Raul Seixas a Luiz Gonzaga ouvia a noite toda. 
— Tem algum cigarro? — o homem velho me pergunta depois de virar o copo de vodka, magnifico.
 Respondo que não, chamando a garçonete pedindo um copo de vodka, ela me serve, viro o copo e o homem ri e diz:
 — Esse é dos meus — me olhando apenas com o canto dos olhos, sem virar a cabeça, olho para o seu rosto
 — Apenas finjo ser — em tom irônico digo para ele.
Ele pede dois copos com vodka, garçonete traz, empurra o copo até perto da minha mão, faz um gesto levantando o copo, seguro o copo e na mesma velocidade viramos o copo.
- Se finge ser um dos meus, finge muito bem.
- Tento fingir o melhor que posso, mas nem sempre consigo — enquanto por dentro sinto um leve arrepio e um desejo de fazer careta, contenho e apenas sinto a bebida descendo estômago abaixo esquentando. Olho para o relógio, minha mãe volta da igreja em 20 minutos, levanto, a conta deu:
CERVEJA 600 ML — R$ 5,00
VODKA DOSE — 2,50.
Pago, levanto, me despeço do homem velho, digo a dona do bar que algum dia volto, ela dá um sorriso dizendo
 — Pode vir, café por conta da casa (contei a ela sobre meus cafés ruins que faço), voltei para a rua e o que restava para olhar era uma rua mal iluminada, com poças de água em todo canto e uma escola em um completo escuro.

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