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Literatura

O velho da livraria, sobrancelhas longas, se as penteassem para baixo cobria seus olhos, careca no topo da cabeça, tinha cabelos brancos até o ombro, vestia terno, parecia uma coisa estranha com um ar de genialidade. Estava com alguns livros. No andar abaixo estava tendo lançamento de algo, enquanto me abaixava um garçom passou um garçom com três taças de vinho, levantei para pegar e o garçom olhou para mim e rodou em plena livraria se afastando, minha mente disse que não poderia aceitar aquilo, dei passos longos e peguei o vinho da bandeja, não sabia o que era o evento, mas merecia um vinho, sai de casa até aqui. Andei pela livraria com o vinho na mão, me sentindo burguês, cômico, subi para o segundo andar da livraria levando alguns livros, por ali tinha cds e dvds vendendo e do outro lado livros, olhei a parte de teatro, tinha livros enormes e deteriorados, caminhei até as escadas e subi para o terceiro andar, andei de um lado para o outro procurando alguma poltrona vazia para sentar, não achei lugar algum, sentei no tapete, peguei um livro na prateleira ao lado abri no meio:
 - Mamacita! (Mamãe!)
 - Estamos muriendo (Estamos morrendo)
 - Morir pronto (Morra logo).
Fechei e coloquei de volta ao lugar, pensei em perguntar de um livro, sobre um filme que assisti, cheguei perto de uma mulher morena, meio gorda, era legal e o velho da livraria com aquela sua aparência anciã ao lado do computador para buscas. Perguntei para a mulher o livro, pesquisou, ela pergunta:
-É relatos de viagem né? - Virando o rosto da tela do computador e olhou para meu, digo que sim.
 O velho pergunta - Do que se trata? - Sua voz soou suavemente.
 Falei que era sobre um garoto que queria viajar para o Alasca e que tinha vontade de fazer o mesmo pela América Latina, e desencadeou uma conversa sobre exploração da America Latina, capital estrangeiro, bancos e formula 1 (do qual eu nunca assisti uma corrida toda, nessa parte apenas ouvi), porto que o Brasil ajudou em Cuba, canal do Panamá, mineiros, petróleo, ouro, ele ia conduzindo o assunto de forma incrível, continuou a falar sobre Brasil Colonial, Napoleão, a situação da Venezuela e o Maduro. Tudo em menos de quarenta minutos de conversa, um cuspidor de diamantes legitimo, queria entender quem era aquele cara, fiquei entre economista ou juiz, precisava ir embora da livraria, me despedi de desci as escadas, sai do Conjunto Nacional e sai na Avenida Paulista, choveu dia todo, tudo estava molhado, mesmo assim movimento, caminhei até a estação Consolação, fui para Praça da Arvore, ia abandonar um curso.
 Viva esse ano, já abandonei: um emprego, 4 amores eternos de alguns meses, organização de um sarau, e agora o curso, abandonando tudo, digno de um "abandonante" como eu, me despedi do pessoal do lugar, peguei o metro vazio, dava parar correr, fumar algo no vagão, livre de pessoas, desci, peguei o ônibus, sentei ao lado de uma garota que estava lendo texto em inglês e que começou a escrever com um caderno igual ao meu, cheguei no terminal de ônibus, desci, olhei se tinha o ônibus que deixava perto de casa, não estava, subi a rampa para saída.

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Seis horas da manhã, eu estava ali, a vendo de calcinha e sem sutiã, levanto, pego uma cadeira que estava perto da janela, sento e espero o sol nascer, Anne acorda, pergunta o que estou fazendo sentado ali, levanta e me da bom dia, caminhando para seu banho, continuo a olhar pela janela, na vista da janela dava para ver uma rua movimentada, olho para aquela rua e vejo a mulher que já me envolvi algum dia e lá estava ela nos braços de outro e rindo, ela nunca foi de dar bola para mim, ficamos por um tempo, ela não gostava muito do jeito que eu era, tudo acabou com ela sumindo da minha vida. Anne volta do banheiro, e por faz massagem em minhas costas enquanto olhando o sol nascer, falei pra mim mesmo "você não percebe que quero ver o sol nascer em paz e estou sofrendo porra", ela não fez  nada, não merecia ouvir isso. Mas o que faço é apertar tua bunda e fazer-lá sentar em meu colo. Anne, sai do meu colo e vai até a cozinha e diz que vai fazer algo para nós, levanto da cadeira,